Comecei, de uma forma imprevisível, a me interessar por orquídeas, após regressar do cumprimento do serviço militar em Moçambique e durante o período que procurava emprego,numa visita ao horto municipal de Matosinhos, situado no Freixieiro.Uma planta cultivada em cesta e pendurada no meio da estufa, chamar-me-ia a atenção, pela sua forma pouco comum e pelo rendilhado que apresentavam numa determinada zona, que mais tarde saberia chamar-se labelum.
Tratava-se da "laelia crispa", que pouco mais tarde conseguiria adquirir, (já não me lembro onde nem a quem e que está comigo há quase 40 anos!).
Assim comecei a desbravar o conhecimento desta família botânica, dizendo que, na época, não foi nada fácil, dada a falta de bibliografia sobre a matéria em Portugal e a que encontrei foi em Francês e Inglês.
Hoje tudo é mais fácil sob o aspeto da obtenção de informação sobre o cultivo destas plantas, porém, não é disto que neste preâmbulo queria abordar.
O tema é o da importância que pode ter na nossa vida, em especial na vida após atingir a 3ª idade, o assumir a responsabilidade de manter algumas destas "jóias", vivas e felizes.
Na realidade trata-se de uma ocupação "obrigatória" diária (ou quase) da qual não prescindiremos ao fim de pouco tempo, não por obrigação, mas por voluntariedade, diria mesmo, necessidade.
Dou comigo regularmente a fazer controlo de desenvolvimento nas suas diferentes fazes da vida procedendo a medições diárias do comprimento das folhas ou hastes florais e desta forma manter o interesse e curiosidade na evolução do seu cultivo.
Pensando nisto, sugeriu-se-me o interesse em fazer uma exposição há uns anos na Casa da Cultura de Gaia subordinada ao tema supracitado.
Foram convidados alguns centros de terceira idade para visitar o evento e a minha observação da reação, deu-me para pensar que poderia ser uma terapia ocupacional para pessoas nestes escalões etários.Na realidade a ligação afectiva que se cria entre uma orquídea e um humano,mesmo não generalizando, (tive uma vez um dos maiores empresários que este país tem, dizendo-me que esta minha paixão pelas orquídeas, não passava mais do que o interesse por "catar piolhos" ),é uma ligação afetiva duradoura e muito forte.Aliás, acho até que quando esse interesse acabar, será um indicador do estádio terminal, físico ou mental da pessoa em causa.
Por tal motivo, ( independentemente do meu interesse comercial em particular) recomendo que estimulem essas pessoas com mais idade e sem nada para fazer , a responsabilidade de tomar conta de meia dúzia de orquídeas e eu cá estarei para ajudar.
Como prenda do dia da mãe, apresento uma das mais estranhas cattleyas oriundas do Brasil